O que pode ter levado as piranhas a atacar o peixe nessas condições é a liberação de substâncias que atraem o cardume.
“O peixe libera feromônios em pequenas quantidades e, às vezes, até pequenas quantidades de sangue na água. E aí com certeza serve como um forte atrativo para as piranhas, que possuem um olfato extremamente sensível. Não é incomum que piranhas atacam presas já debilitadas ou, às vezes, em situação de estresse, como acontece com os peixes quando são fisgados”, explicou a bióloga.
Aurileia Gomes de Andrade dos Santos e Marino Neto Chaves dos Santos estavam em um barco no rio, na região Oeste do Tocantins. Ao g1, ela disse que o objetivo era pescar um tucunaré, mas os peixe que serviu de refeição para as piranhas foi um surubim.
A ação das predadoras foi bem rápida. segundo Aurileia, entre o momento que o peixe foi fisgado e a retirada da água se passou menos de um minuto. E mesmo com a experiência de 18 anos pescando, eles nunca tinham passado por isso.
Se alimentar de outros peixes, faz parte dos hábitos alimentares das piranhas. “É importante frisar, que é um ataque rápido e coordenado. É uma estratégia de sobrevivência e alimentação muito eficiente que as piranhas têm. Nesse caso, em específico, é provável que esse peixe já estivesse exausto e sangrando, que acabou desencadeando a resposta predatória do cardume”, explicou a bióloga.
O Lago Verde, onde os pescadores estavam, é comum ter muitos indivíduos das espécies conhecidas como piranhas preta e vermelha. Inclusive, Aurileia contou que eles sempre pescam piranhas.
Pescador viu peixe ser devorado por piranhas em Lagoa da Confusão — Foto: Aurileia Gomes de Andrade dos Santos/Arquivo Pessoal
A bióloga Meriele explicou que populações de piranhas são comuns tanto no lago como no Rio Javaés.
“Em períodos de estiagem, geralmente ocorre entre os meses de maio e setembro a concentração de peixes em áreas menores de água e favorece o encontro com cardumes. Com isso, aumenta as chances de interação como essa”, afirmou.
Para não se tornar uma vítima das piranhas ou passar por situação semelhantes e perder pescados para elas, a especialista recomenda cautela em rios que tenham como característica águas mais paradas.
“Áreas mais quentes contribuem para a atividade metabólica e, consequentemente, aumentam a agressividade desses animais. É fundamental que pescadores e banhistas redobrem a atenção em trechos de rio com pouca correnteza, com vegetação submersa e em épocas de seca. São esses habitats ideais para que as piranhas se agrupem e acabem acontecendo situações como essa”, deu a dica.
Piranha vermelha pescada pelo casal no Lago Verde — Foto: Aurileia Gomes de Andrade dos Santos/Arquivo Pessoal
Ataque rápido
Além do surubim, a piranhas não ‘perdoaram’ nem o cabo de aço que ficava a artificial, e também foi danificado. Segundo o casal, depois de ser puxado da água o peixe continuou movimentando as guelras – órgão do aparelho respiratório – durante algum tempo.
“Em rio que tem piranha é assim. Você pega um peixe e as piranhas já comem logo. Olha aí o que sobrou do surubim,” comentou Marino ao mostrar a carcaça do peixe para a esposa, que filmava toda a ação.