
Nos bastidores de Brasília, a indicação do deputado federal tocantinense Ricardo Ayres (Republicanos TO) para a relatoria da CPMI do INSS foi interpretada como um movimento que esvaziou a pretensão dos que defendiam, por exemplo, o nome de Nikolas Ferreira (PL MG). A avaliação é de que Nikolas daria um tom mais agressivo às oitivas da comissão, o que não correspondia ao perfil desejado pelos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União AP), nem pelo senador Omar Aziz (PSD AM), indicado para presidir o colegiado e conhecido por ter conduzido a CPI da Covid com postura mais moderada.
O que pesou, portanto, não foi apenas a conjuntura momentânea, mas o histórico de atuação que consolidou Ayres como um dos quadros de confiança do Centrão. Sua postura moderada, o equilíbrio em votações, tendo apoiado o governo Lula em 77% das vezes mas também registrado votos contrários em pautas relevantes, e sua forma de conduzir debates e relatórios em comissões criaram a imagem de um parlamentar confiável, capaz de transitar entre diferentes blocos. Tudo isso parece ter sido decisivo para que seu nome fosse defendido não só por líderes do Centrão, mas também pelo próprio presidente da Câmara.
Em apenas três anos de mandato como deputado federal, Ayres já alcançou marcas que reforçam sua posição: é vice-líder de um dos maiores partidos da Casa, titular da CCJ desde o primeiro dia, tem boa relação com o Palácio do Planalto, figura entre os que mais relatam projetos em comissões, destaque reconhecido pela imprensa nacional, inclusive pelo jornal O Globo, apresentou diversas proposições legislativas de impacto e não se furta a participar de debates polêmicos.
Resta saber, porém, se a moderação que credenciou Ayres ao posto será suficiente para dar respostas concretas às pressões políticas e sociais que cercam a CPMI do INSS.